“Tir à l’Arc” Joan Miró – 1972
A proposta da oficina de pintura é a de que os sujeitos possam buscar sua própria voz, no sentido daquilo que, sem saber, terminam mostrando. A diferença se faz notar pelo que a voz que é mostrada nela é, inicialmente, expressão de cores, formatos, linhas e rabiscos, que moldam uma presença do olhar.
Antes ainda de se valer da pintura como recurso para entender o que cada um quer mostrar, interpretando seus respectivos conteúdos, se trata de dar voz ao sujeito para comparecer de uma maneira que muitas vezes escapa a ele mesmo. Sem a pretensão e sem a insistência de colocar palavras em cada pintura ou combinação de cores e formas, a atividade revela que o sujeito se conta de uma forma que não é representada por aquela que ele mesmo se expressa.
É somente a partir da vigência de uma concepção de tratamento que permita ao sujeito não precisar cumprir um roteiro já decidido por suas limitações, sejam psíquicas ou motoras, que o advento de sua particularidade pode, enfim, criar raízes. Condição que é a base para estabelecer um lugar e uma posição, a partir dos quais poderá se relacionar e avançar na ligação consigo mesmo e com seus próximos.