“Composition VIII” Wassily Kandinsky – 1923
A música ocupa o primeiro lugar devido ao fato dela promover uma ressensibilização que não acontece necessariamente ligada a palavra falada. Tal condição, ao fazer exceção à proliferação de discursos, promove a experiência de ser tocado pelos ouvidos sem autorização, constituindo um outro tipo de experiência com os sons.
Fica evidenciado que aquilo que promove a ressensibilização pela música não é sinônimo de escutá-la para relaxar, o que pode acontecer, mas sim de participar de uma experiência onde os sentidos não se restringem ao sentido do que é dito aos sujeitos. Por outro lado, a presença da música no ambiente, mais do que demandar um tempo e atenção para escutá-la, inaugura a possibilidade de ativar um tipo de sensibilidade para o corpo, onde outras experiências passam a ter lugar, como é o caso do canto e da dança.
Além da ligação do corpo com a dança, pela música, enquanto expressão dos movimentos causados pelos sons, destaca-se também uma nova presença no tempo e no espaço, levando os sujeitos a experimentar a imagem própria segundo uma movimentação que a libera para se fazer ver e se contar de uma Outra maneira.